O atletismo moçambicano está de luto pela morte trágica de Filipe João Chaimite, ex-guia da atleta paralímpica Edmilsa Governo, ocorrida na noite de domingo, vítima de atropelamento por comboio debaixo da ponte da Machava, na zona conhecida por Bananeiras, arredores da cidade de Maputo.
Segundo informações que circulam, Chaimite, de 34 anos, regressava à sua residência na companhia de um amigo quando ambos tentaram afastar-se da linha férrea. No entanto, terão escorregado, e o impacto das carruagens resultou fatal para o ex-atleta, enquanto o seu amigo ficou gravemente ferido.
O último adeus a Filipe Chaimite está marcado para amanhã, quarta-feira, no Cemitério de Michafutene, às 10h00, onde familiares, colegas e amigos prestarão a sua homenagem final.
Chaimite era um velocista do Matchedje de Maputo e chegou a bater um recorde não homologado dos 200 metros com a marca de 21,21 segundos, alcançada no Zimbabwe. Mais tarde, devido a uma lesão persistente, foi forçado a migrar para as provas de lançamento, tendo participado pela última vez nos Campeonatos Nacionais deste ano, realizados em maio, no Estádio Nacional do Zimpeto.
Durante a sua carreira, destacou-se também como guia de Edmilsa Governo, com quem partilhou momentos de glória — o mais memorável deles nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, onde Edmilsa conquistou a medalha de bronze nos 400 metros rasos, com o tempo de 53,89 segundos. A marca valeu um novo recorde africano e representou a segunda medalha olímpica da história de Moçambique, após o ouro de Lurdes Mutola em Sydney 2000.
Filipe Chaimite deixa dois filhos órfãos — um menino de seis anos e uma menina de apenas seis meses —, fruto da relação com a atleta Salomé Mugabe, actual Chefe do Departamento de Atletismo do Clube Ferroviário de Maputo.
Salomé é uma das figuras de destaque do atletismo nacional, sendo recordista moçambicana do lançamento do dardo (42,91 metros, em 2011) e do lançamento do peso (15,63 metros, em 2018, nos Jogos da Commonwealth, na Austrália).
A perda de Filipe Chaimite representa não apenas uma dor profunda para a família e amigos, mas também uma grande baixa para o atletismo nacional, que hoje chora um dos seus filhos mais dedicados e talentosos.
