O futebol moçambicano volta a enfrentar desafios de infraestrutura, e o caso mais recente envolve o campeão provincial da Taça de Moçambique, o Ferroviário de Lichinga, que viu o seu Estádio Municipal 1º de Maio ser reprovado para a realização de jogos oficiais. Como consequência, o clube será forçado a disputar as suas partidas a pelo menos 600 km de distância da sua cidade, afastando-se do apoio crucial do seu público local.

A decisão impõe uma série de dificuldades logísticas e financeiras à equipa de Lichinga, que terá de arcar com todas as despesas de deslocamento, alimentação e alojamento da sua delegação em jogos considerados “em casa”. Uma alternativa possível será o aluguer de um campo pertencente a outro clube da família Ferroviário, o que pode facilitar acordos institucionais, mas não resolve o problema da distância em relação aos seus adeptos.

Em situação semelhante, encontra-se o Chingale de Tete, que, devido a limitações no seu campo habitual, deverá disputar as suas partidas na vila de Songo, a cerca de 150 km de distância. Embora ainda consiga atrair parte do seu público para os jogos, o número de adeptos presentes será muito inferior ao que se via nos tempos áureos do Campo do Desportivo de Tete.

Estes episódios levantam sérias questões sobre a sustentabilidade das competições nacionais, sobretudo quando os clubes do interior são privados de jogar nos seus próprios territórios, perdendo receita de bilheteira, apoio local e identidade desportiva. Além disso, as condições desiguais acentuam ainda mais os desafios já enfrentados por clubes fora dos grandes centros urbanos.

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Enquanto se espera por soluções estruturais e investimentos que melhorem os recintos desportivos do país, clubes como o Ferroviário de Lichinga e o Chingale terão de encontrar formas de resistir às adversidades, mantendo viva a chama do futebol nas suas regiões.